The Night Of
Ainda no role de pilotos que vi de uma vez uma semana destas, surgiu-me "The Night Of". Trata-se de uma mini-série produzida pela HBO que conta a história de Nasir Khan e de como uma noite mudou completamente a sua vida. Para variar foi mais uma recomendação desses meus amigos que me odeiam e, para variar, foi mais uma série que eu não descansei enquanto não acabei de ver.
A premissa desta série é muito simples: Nasir Khan, um jovem de origem paquistanesa, decide sair no táxi do seu pai para uma noite de diversão com os amigos. Acaba por conhecer uma estranha, com quem se envolve. No entanto, na manhã seguinte, quando acorda, a rapariga tinha sido brutalmente assassinada e Naz, claro, acabava acusado pelo crime. A partir daqui somos conduzidos pelos meandros da justiça e conhecemos o lado negro do interior das prisões, ao longo de dez episódios que nos deixam imensas vezes de boca aberta.
Esta série não está feita para ser uma normal série policial. Para isso, peguem no CSI. Não é intenção da série descobrir quem é o assassino e assim ilibar Naz (até porque, verdade seja dita, nós não sabemos se não foi mesmo ele quem cometeu o crime), mas sim mostrar como o sistema judicial é errado e falha. E nisso a série não falta. Desde a acusação de Naz sem provas concretas, ao tratamento que lhe é dado, até ao "apontar o dedo ao elo mais fraco", por ele ser paquistanês, existem imensos aspectos perturbadores que são retratados nesta série. Um dos pontos focados é a transformação que Naz sofre na prisão, que passa de um menino bonzinho e bem comportado para um presidiário que é obrigado a transformar-se para sobreviver na prisão, já que os crimes de que é acusado não o torna muito aceitável aos olhos dos seus novos "amigos". Por outro lado, vemos as transformações na vida da família de Naz, que sendo uma família não propriamente rica, se vê obrigada a sacrifícios para conseguir tirar o filho da prisão, sem nem sequer saberem se realmente ele cometeu o crime. E por trás disto tudo existem ainda os "abutres", tipo o advogado Jack Stone, que imediatamente se aproveita da fragilidade de Naz para ganhar mediatismo.
A nível de personagens, Naz começa, como eu disse, o personagem querido de quem toda a gente tem pena mas, ao longo dos episódios, sofre uma enorme transformação. É com certeza o personagem que mais evolui e acredito que nem todos tenham gostado dessa evolução. Afinal, ao fim de algum tempo quase podemos considerar que ele se transformou naquele adolescente rebelde que já não quer saber de nada. Claro que na minha opinião tem mais do que razões para isso, mas nem todos gostaram dessa mudança. Eu adorei o que fizeram com ele e por isso ele é o meu personagem preferido. Comparar o Naz do primeiro episódio e o do último episódio faz com que fique de boca aberta. Stone é o outro personagem que sofre o foco. Apesar de ser ele a roubar a cena mais importante da série inteira, não acho que ele me tenha conquistado. No entanto, é inegável o talento de ambos os actores, que personificaram de maneira soberba os seus personagens. Aliás, todo o elenco foi extremamente bem escolhido, com prestações que nos chegam facilmente ao coração. Impossível não sentir a dor da maior parte dos personagens quando eles são interpretados de forma tão brilhante.
A única coisa que me incomodou foi o tamanho dos episódios. É para mim difícil manter o foco durante muito tempo e episódios de 1h30 (como alguns tinham) obrigavam-me a muitas pausas. Mas esta é uma série extremamente bem construída, que cumpre de maneira brilhante o seu objectivo. Sim, lembrem-se qual é o objectivo inicial da série para não sofrerem um desgosto no último episódio. E, ao contrário do que possa parecer, não se agarrem à esperança de uma segunda temporada. Ela não vai existir. Ao contrário de outros canais, a HBO não vai só atrás de audiências e não pretende estragar uma série que cumpriu perfeitamente o seu objectivo. No entanto, é com certeza uma série que vale a pena ver, se gostam de temáticas mais pesadas.
Vejam o trailer!
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