segunda-feira, 15 de agosto de 2016

[Opinião Livros] Dezanove Minutos, de Jodi Picoult


Dezanove Minutos, de Jodi Picoult


Editora: Civilização Editora
N.º de páginas: 532
Edição/Reimpressão: 2007

Sinopse: Uma excelente abordagem a um assunto delicado na sociedade contemporânea: um tiroteio no liceu. Mais uma vez, Picoult aborda um assunto delicado na sociedade contemporânea, um tiroteio no liceu, levantando perguntas como: o seu filho pode tornar-se num mistério para si ? O que significa ser diferente na nossa sociedade? É justificável para uma vítima ripostar? E quem – se é que alguém – tem o direito de julgar outra pessoa? Em Sterling, New Hampshire, Peter Houghton, um estudante de liceu com dezassete anos, suportou anos de abuso verbal e físico por parte dos colegas. A sua amiga, Josie Cormier, sucumbiu à pressão dos colegas e agora dá-se com os grupos mais populares que muitas vezes instigam o assédio. Um incidente de perseguição é a gota de água para Peter, que o leva a cometer um acto de violência que mudará para sempre a vida dos residentes de Sterling.

Opinião: Já é hábito Jodi Picoult abordar nos seus livros temas bastantes polémicos e neste caso temos um tema não só polémica como, infelizmente, bastante actual: os tiroteios em escolas, pelas mãos de alunos. 
Penso que normalmente ninguém pára para pensar porque é que estas situações acontecem. Eu, pelo menos, não páro. Deduzo automaticamente que aquela pessoa que disparou é culpada, e na realidade ninguém lhe pode tirar a culpa, mas nunca me dei ao trabalho de pensar na história que está por trás. E assim conheço Peter, o rapaz que foi vítima de bullying por toda a sua vida, atormentado e humilhado pelos colegas, abandonado pela melhor amiga e oprimido pelos pais. É esta pessoa que um dia entra com uma arma no seu liceu e desata a disparar à toa sobre os colegas. Mas o Peter não é só uma personagem deste livro, o Peter representa aquilo que muitos de nós passamos, é aquela criança que é constantemente maltratada e que nós ignoramos, mesmo que saibamos que é errado. Claro que a maioria dessas crianças não acaba por provocar um massacre, mas este Peter obriga-nos a pensar nas consequências de coisas como humilhar o nosso colega só porque é divertido e porque não nos parece nada de mal.
A construção deste livro é extremamente inteligente. A história é-nos apresentada ao contrário, começando no dia do tiroteio. Achava que o livro seria mais sobre o tiroteio em si, mas o que me foi apresentado foi muito mais interessante. Com algumas analepses e prolepses, conhecemos Peter e Josie e seu crescimento, desde melhores amigos a duas pessoas de mundos completamente separados. Aos poucos vamos percebendo os motivos de cada um e vamo-nos identificando com um e com o outro. E vamos assistindo à construção do caso contra Peter, enquanto nos enternecemos com a sua história e secretamente desejamos que ele até possa ser absolvido, mesmo que saibamos que não é justo e que o mais certo é que não venha a acontecer. Simplesmente não dá para ficar indiferente ao sofrimento de todas estas personagens, seja Peter, Josie, os seus familiares ou as vítimas do tiroteio. É tudo forte demais para ser ignorado.
Apesar de ser apenas o segundo livro da autora que leio, Jodi Picoult é com certeza uma referência no mundo do drama. Este livro traz-nos mais uma reflexão para ser feita e mais um tema que coloca em causa a nossa ética e nos obriga a parar para pensar. Mais um livro de Jodi Picoult que vale muito a pena!


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